Por: Gabriel Estevam Domingos, diretor de P&D da Ambipar
A economia circular está sendo inserida nos processos das grandes empresas cada vez mais, já que a meta de redução do aumento de temperatura global e das desigualdades são compromissos de diversas empresas e instituições que assinaram o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e se comprometeram a alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O setor privado tem um papel significativo nessa agenda por deixar de extrair, produzir e descartar e passar a reutilizar e reciclar, diminuindo a utilização de matérias-primas virgens. Por isso, a economia circular é tão importante, afinal, ao reintroduzir resíduos na cadeia produtiva é possível diminuir as emissões na atmosfera, gerar emprego e renda e utilizar menos recursos naturais.
Além de ser um grande benefício para o meio ambiente, as empresas conseguem gerar receita com o próprio resíduo. Há indústrias que transformam os materiais gerados em novos produtos para serem utilizados dentro da própria planta, para realizar ações sociais com colaboradores ou comunidades e, até mesmo, vende-los ao mercado.
A Ambipar possui um Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para auxiliar as companhias a entenderem o que é possível fazer com cada tipo de resíduo gerado, contribuindo com essa agenda de desenvolvimento. O laboratório visa desenvolver soluções na área de tratamento e reutilização de resíduos, através de soluções que integram as necessidades do desenvolvimento, da segurança, da sociedade e do meio ambiente de forma sustentável e econômica.
O objetivo é mostrar que os materiais podem ser transformados em novos produtos, tecnologias ou serem vendidos para outras empresas utilizarem como uma matéria-prima de baixo custo. Separamos alguns cases para você entender como pode inserir a economia circular em seus negócios e ainda ganhar com isso
1 – Indústria de papel e celulose
As indústrias de papel e celulose geram grandes quantidades de resíduos de diversos tipos. Ao invés de serem destinados aos aterros sanitários, é possível reutilizar ou transformar em novos produtos.
Nas grandes fábricas, os resíduos são transformados em artefatos cimentícios, como blocos e pavers (pisos intertravados). Os materiais podem ser vendidos ao mercado como um novo produto sustentável, contribuindo com o meio ambiente e ficando em sintonia com as ações voltadas ao ESG (Environmental, Social, Governance, na sigla em inglês). Além disso, os produtos podem ser destinados às construções públicas, como praças parques, escolas postos de saúde e também utilizados em reformas na própria indústria para fazer novas estruturas ou as estradas internas da companhia.
Os resíduos de papel e celulose também podem ser transformados em condicionador de solo (adubo orgânico) e corretivos do solo para serem utilizados na própria plantação de eucaliptos e pinus ou em hortas comunitárias para os colaboradores. Este produto também pode ser doado aos produtores rurais da região fomentando assim a produção e utilização de alimentos orgânicos. Essas ações fortalecem muito o índice social dentro dos critérios ESG, dando maior credibilidade à empresa perante os investidores.
2 – Indústria de Fármaco
A indústria de fármacos utiliza o colágeno para envolver as cápsulas de vitaminas, óleo e alguns medicamentos. Antes, esse resíduo era levado aos aterros sanitários, mas o Centro de PD&I da Ambipar encontrou uma solução inovadora para as companhias. Através de estudos e análises foi possível desenvolver matérias primas para produção de sabonete e shampoo, a partir do Colágeno.
Os produtos mostraram à indústria farmacêutica a viabilidade técnica e econômica dessa nova forma de reutilização do colágeno, a fim de reintroduzi-lo à cadeia produtiva, sendo possível dar uma destinação correta e promover a economia circular. O produto foi dermatologicamente testado e aprovado.
A equipe envolvida no projeto descobriu que esse tipo de resíduo é uma excelente matéria prima para as indústrias de cosméticos, que podem comprar o colágeno para fabricar produtos sustentáveis. Além disso, as indústrias de fármacos deixam de gastar com o transporte e a destinação final destes resíduos e passam a ganhar dinheiro com a ação.
Aliás, tanto as empresas de fármacos, ao vender, como as indústrias de cosméticos, ao comprar, são beneficiadas em relação aos critérios ESG, já que promovem a economia circular e agregam valor à própria imagem, criando uma linha de produtos sustentáveis
3 – Indústrias de Cosméticos
Durante a fabricação de cosméticos, como perfumes, óleos corporais, sabão, shampoo, desodorantes, protetor solar, entre outros, são geradas grandes quantidades de resíduos e subprodutos. Os principais são os popularmente conhecidos como “bulk de cosméticos”, que são misturas de cremes e outros rejeitos da cadeia produtiva. Esses produtos, em sua grande maioria, têm como destino final o coprocessamento ou, então, as Estações de Tratamento de Efluentes (ETE), gerando, assim, custos de disposição final.
Diante desse cenário e da necessidade de empresas em atender aos aspectos legais, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Ambipar realizou um minucioso trabalho, para desenvolver uma alternativa de reutilização desses produtos. A equipe de PD&I realizou estudos, por quase um ano, até chegar ao amaciante de roupas produzido a partir do bulk de cosméticos.
Ao utilizar os resíduos para produzir amaciantes, as empresas podem lançar um novo produto sustentável ao mercado ou realizar ações sociais a partir de doações para colaboradores ou comunidades. Assim, a companhia coloca a economia circular em prática e promove os cuidados com o meio ambiente
4 – Porto de Santos
Em época de pandemia, o álcool ganhou forte valorização. Além de ficar mais caro, a procura pelo produto aumentou exponencialmente. As prateleiras de lojas, supermercados e farmácias chegaram a ficar vazias e faltou álcool para a população. A partir desse cenário, a equipe de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) da Ambipar, realizou diversos estudos para produzir um álcool sustentável.
A solução foi encontrada no porto de Santos, onde os resíduos das cargas de soja, milho, trigo, arroz e outros grãos eram destinados aos aterros sanitários. Mas, através de pesquisas, realizadas em laboratório, a Ambipar concluiu que seria possível utilizar o resíduo do equipamento de varrição para produzir álcool a partir de um processo de fermentação. Uma solução sustentável, que beneficia a todos, e viável, pois o álcool tem valor institucional.
Ao utilizar o resíduo do porto e inseri-lo novamente na cadeia produtiva, como álcool 46, há também um benefício financeiro para as empresas, que deixam de pagar pela destinação dos resíduos para os aterros. Além disso, o Eco Álcool auxilia as corporações a atenderem os aspectos ESG.
O Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação é considerado um exemplo de empreendedorismo de sucesso, graças ao seu histórico de crescimento, a velocidade de expansão e seu modelo de gestão. Nesses quase 10 anos de atuação, conquistou um renomado histórico de mais 25 prêmios, dezenas de tecnologias desenvolvidas para grandes empresas e 14 patentes registradas. Isso demonstra excelência em serviços, a credibilidade de seus valores e a capacidade dos pesquisadores e gestores da empresa, que traz em seu DNA, um novo conceito em P&D e inovação verde.
Crédito: Divulgação
Fonte: Spin Comunicação