Especialistas da Rede Imóveis afirmam que a procura por imóveis deve se manter, especialmente para público com maior poder aquisitivo e que busca mais qualidade de vida
Os constantes aumentos da taxa Selic e altas dos juros dos financiamentos imobiliários não devem ter grandes impactos no mercado de imóveis novos em Curitiba. Após um período onde os lançamentos foram mais esparsos, especialistas apontam que há uma demanda reprimida na capital paranaense.
De acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Região Sul já teve um aumento de 14,4% de unidades lançadas e crescimento de 6,4% nas vendas no último trimestre de 2021 em comparação a 2020. Já um estudo feito pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, apontou que o aquecimento verificado em 2021 deve se manter nos próximos 12 meses na capital paranaense.
“O segmento que mais teve lançamentos nos últimos anos foram os lançamentos de alto padrão e da Casa Verde Amarela, que continuarão a ter lançamentos. Porém, acredito que o mercado deve receber mais lançamentos para classe média, sendo que tradicionalmente o imóvel de classe média em Curitiba são os de três quartos, porém essa tendência vem se mesclando com unidades de dois quartos em localizações privilegiadas”, afirma Paulo Celles, vice-presidente da Rede Imóveis, maior rede de imobiliárias do Paraná. Ele salienta ainda que a demanda por sobrados na capital também é outra tendência, pois cresceu muito nos últimos anos.
Márcio Favarim, diretor da Baggio Imóveis, associada da Rede Imóveis, lembra ainda que há uma expansão do mercado de luxo e superluxo em Curitiba e a nova Lei de Zoneamento, em vigor desde agosto de 2020, favorece os lançamentos imobiliários. “Com a alteração na legislação de ocupação de solo, temos novos eixos de lançamentos, mas seguindo as pesquisas de mercado e o volume de pedidos de licenças para construção, os bairros que devem sobressair são Bigorrilho e Batel”, considera.
O estudo da Ademi-PR e Brain Inteligência Estratégica também indica que esses dois bairros devem despontar como foco das construtoras. Outro aspecto verificado é que Curitiba vive agora o movimento “Fly To Quality”, uma expressão do mercado imobiliário para processo de busca por novos espaços com maior qualidade de vida.
“A maior carência ainda continua a ser o primeiro imóvel, esse segmento ainda figura no topo dos compradores. Mas com o ambiente de pandemia que vivemos nos últimos anos, muitas pessoas buscaram e ainda buscam imóveis maiores ou até imóveis mais afastados. Esses compradores figuram e ainda devem figurar com algum destaque no hall de compradores”, analisa Paulo Celles.
Imóveis nunca deixaram de ser investimento lucrativo
Por outro lado, os imóveis continuam sendo uma opção de investimento, seja para lucros com revenda ou locação, já que representam uma segurança financeira em meio às constantes turbulências econômicas no Brasil. “O imóvel sempre esteve na prateleira dos ativos sólidos para nós, brasileiros, é uma reserva de valor garantida e resistente a crises, por isso seguirá sendo uma forte tendência em 2022”, avalia Márcio Favarim.
Os lançamentos, em especial, sempre foram visados por investidores, explica Paulo Celles, devido a certeza de rentabilidade. “O investidor compra o imóvel com pagamentos à vista ou em curto prazo e esse tipo de venda interessa para o incorporador, que sempre dedica algumas unidades para vendas à vista. Isso alavanca o empreendimento e por outro lado dá uma lucratividade interessante para o investidor, que foi o comprador de primeira hora”, explica. “Todas as grandes fortunas ainda têm seu lastro em imóveis, assim acredito que o mercado vai continuar vendendo bem em 2022”, afirma o vice-presidente da Rede Imóveis.