Evento presencial reuniu CEOs de incorporadoras, construtoras, líderes setoriais e políticos, analistas financeiros, economistas, governo, formadores de opinião e convidados
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) promoveu na manhã do último dia 24 de Março um dos principais seminários sobre a indústria da construção civil do país: o Summit ABRAINC 2022. Com o tema “Brasil, um futuro promissor”, o evento reuniu os importantes nomes da economia e do setor que refletiram sobre as oportunidades e desafios que o mercado nacional vai enfrentar nos próximos anos, além de debater o cenário macroeconômico em bate-papos mediados pelo jornalista William Waack.
Já na abertura, o presidente da ABRAINC, Luiz França, falou sobre o impacto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que tem afetado todas as cadeias produtivas de todo o mundo. “O ano passado foi muito forte. Neste ano, entretanto, temos um cenário de incerteza em razão do conflito internacional, mas posso dizer que o nosso setor vai crescer, pois temos duas vertentes importantíssimas: o Casa Verde e Amarela, sempre forte e resiliente, e o Médio e Alto Padrão”, afirmou. “Estamos preocupados com o cenário mundial, mas se fizermos a lição de casa podemos sair na frente de outros países e conseguir bastante sucesso”, acrescentou.
França ainda sugeriu que os imóveis podem ser apresentados como um grande investimento e alegou que os atuais preços dos imóveis no Brasil indicam para uma correção de tempo ao longo dos próximos anos, lembrando que o metro quadrado de imóveis brasileiros é muito baixo, quando comparado ao mercado internacional.
Já no primeiro painel “Cenário Econômico e Brasileiro”, o presente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou uma redução na taxa de juros do crédito imobiliário na modalidade Poupança Caixa. Com as mudanças, as novas taxas partem de TR + 2,80% ao ano, somadas à remuneração da poupança, o que representa uma queda de 0,15 ponto percentual.
O banco também apresentou uma nova linha de crédito para reforma e adaptação de imóveis de Pessoas com Deficiência (PcD) com renda bruta de até R$ 3 mil. O valor total pode chegar a R$ 50 mil, limitado a 80% do orçamento da obra e com taxas de juros anuais a partir de TR+ 4,25% e até 240 meses para pagar.
Ainda na Summit, Guimarães projetou que o montante de financiamentos imobiliários do banco atinja R$ 160 bilhões em 2022 e justificou as medidas. “A Caixa como banco estatal tem papel social. Nós não temos nenhum problema de aumentar o crédito, imobiliário, agrícola, microcrédito ou para empresas”, lembrou.
O Brasil um Futuro Promissor – No segundo painel, foram discutidos os avanços macroeconômicos conquistados nos últimos anos pelo Brasil, apesar da pandemia e do cenário econômico mundial. O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou a responsabilidade fiscal que o governo tem mantido ao longo dos últimos anos, em especial durante a pandemia, que abriu um precedente para que novos investimentos em saúde fossem iniciados.
“Fizemos os recursos chegarem republicanamente para todos, sustentado as transferências para a Saúde, Fundo de Assistência Social, Fundo de Participação de Estados e Municípios. Ajudamos a controlar as despesas fiscais. Mantivemos e aperfeiçoamos os fundamentos fiscais e o marco regulatório, para garantir os investimentos em vários setores em 2021”, pontuou o ministro.
Em seguida, tivemos o debate “Cenário Econômico Brasileiro” com Marcos Vanderlei, vice-presidente da B3; Caio Megale, economista chefe da XP Investimentos; e Rafaela Vitória, economista chefe do Banco Inter, que discorreram sobre os investimentos necessários para o desenvolvimento do Brasil e a necessidade de um debate político que proponha medidas que favoreçam o crescimento de forma sustentável.
Já o panorama de “Pontos Essenciais para o Crescimento do Setor”, contou com nomes como Rubens Menin, presidente do conselho da MRV; Carlos Bianconi, CEO da RNI; João Eduardo de Azevedo Silva, conselheiro e vp de Operações da EVEN; Jorge Cury, CEO da TRISUL, Breno Prestes, CEO da PRESTES; e Marcos Caielli, diretor de Produtos Imobiliários da B3. Eles debateram sobre inúmeras medidas de curto, médio e longo prazo que poderiam acarretar em um maior desenvolvimento da incorporação imobiliária.
O último painel “Visão Habitacional para o Brasil” discorreu sobre a relevância do setor. Bruno Araújo, presidente do PSDB, falou que o Brasil precisa avançar e inovar no setor para que ele continue crescendo. Enquanto Alfredo dos Santos, Secretário Nacional de Habitação, acredita que metade do déficit habitacional não necessita de produção, uma vez que é ônus excessivo de aluguel. “Estamos buscando alternativa. Eu tenho um horizonte de muita expectativa para produção habitacional, crédito habitacional e renda”, afirmou.
Políticas Públicas – Por outro lado, João Siqueira de Farias, Secretário Municipal de Habitação de São Paulo falou do fim da faixa 1 do Casa Verde e Amarela e disse que a regularização fundiária pode ajudar a diminuir o déficit habitacional.
Ainda no debate sobre habitação e políticas públicas de moradias populares, Flavio Amary, Secretário de Habitação do Estado de São Paulo, falou dos desafios que as famílias tem para acessar moradia popular e digna. “O estado precisa entender que é essa necessidade é dele, é obrigação dele e São Paulo caminha nessa direção”, lembrou.
Por fim, o presidente da ABRAINC reforçou o papel social da moradia e disse que o Brasil precisa criar meios das pessoas viverem em locais dignos e que um dos mecanismos previstos é o aluguel social. “O povo tem que morar. Não temos outra saída para as famílias que não tem casa: é o aluguel social. E um mecanismo que já funciona em outros países”, destacou Luiz França.
No final do evento, foi aberto um painel híbrido para a participação do ex-presidente do grupo Cyrela, Elie Horn. Ele falou sobre o setor e como a filantropia pode ajudar o Brasil a avançar.