Por Soraya Surdi, Arquiteta e Urbanista
Durante esse período de quarentena forçada, muitos italianos foram obrigados a experimentar o quanto é diminuta a sua residência. Diante disso, já se especula quantos decidirão mudar de casa – e talvez a própria vida – com o fim da pandemia.
Com dados de 2016, é possível afirmar que a média da superfície habitada na Itália por habitante é de 67 metros quadrados. Existem diferenças significativas por regiões, na Lombardia, por exemplo, é de apenas 61 metros quadrados. Quando se leva em conta o tamanho dos municípios isso também muda. Nas cidades com menos de 5 mil habitantes, a superfície média é de 122 metros quadrados, contra 100 metros das grandes cidades. Outro dado que chama atenção é a ocupação habitacional do espaço municipal. Nas grandes cidades, 14,9% do espaço territorial é ocupado por habitações; nas cidades pequenas é de apenas 0,6%; e, alcança 3% nas cidades com número de habitantes entre 50 a 250 mil.
Na capital da Lomardia, no último trimestre de 2019, aproximadamente 21% das novas aquisições compreenderam habitações de menos de 50 metros quadrados, ao passo que 42% foram entre 50 a 85 metros quadrados. Entre as grandes cidades, Milão é sem dúvida aquela que registra menos aquisições em percentual total de apartamentos de grande porte. O preço, obviamente, exerce grande influência nas novas aquisições!
O valor do metro quadrado oscila numa variação média de 1.500 euros nas cidades com 50 a 250 mil habitantes, chegando a 2.512 euros nas cidades de grande porte. Milão, mais uma vez, chama atenção, pois o valor do metro quadrado passa de 7.736 na região do centro histórico – dados de 2018 – aos 5.542 euros na zona central, até alcançar 2.209 na periferia sul. Esses valores obviamente refletem no número de transações imobiliárias, pois, em 2018, foram registrados 16 mil transações imobiliárias na periferia de Milão, 6 mil no semicentro e 1.962 no centro histórico.
É claro que existem grandes diferenças do mercado imobiliário italiano para o brasileiro. Mas não há dúvida alguma que a quarentena forçada mudará a vida em todo mundo, causando reflexos igualmente na arquitetura dos imóveis! Os espaços residenciais que antes – e para muitos – eram apenas utilizados para dormir e tomar banho sofrerá grande impacto. O home-office será uma realidade a partir de agora. E seja em pequenos apartamentos ou grandes residências, os ambientes de convivência e profissionais estão sentindo o peso e a dimensão das novas relações interpessoais de uma convivência obrigatória. Fica claro que muitos espaços não oferecem soluções para aplacar o sofrimento do isolamento e também das exigências profissionais.
É importante ter em mente que a busca de novos espaços não está limitada na aquisição de novas e maiores residências. Isso implicaria como vimos acima, em despender valores significativos, especialmente para aqueles que desejarem morar em regiões centrais, como a histórica Milão.
O grande e desafiador papel do arquiteto num mundo pós-corona vírus está em auxiliar o cliente a criar novos ambientes de convivência e nichos profissionais dentro de sua própria moradia. A remodelação do que já temos é a solução mais barata e eficiente para essa nova realidade que se avizinha.
A nova ordem mundial é: Viva mais e viva melhor!
Soraya Surdi – Crédito: Rogério Machado
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Fonte: Vorá Comunicação Integrada