Alexandre Toscano encontrou um destino inusitado para sacos de cimento que seriam descartados pela indústria e construção civil: a sala de sua casa.
Olhando para os móveis criados no Vem da Serra em Teresópolis, poucas pessoas arriscariam dizer que têm estrutura feita com sacos de cimento vazios. Isso porque a pesquisa com o material já evoluiu bastante e a fase de ‘papietagem’ foi apenas o início da história. São mesas, aparadores, biombos e uma variedade de bancos e superfícies que vem sendo trabalhados com aplicação de cores.
O descarte inadequado do lixo urbano é um dos vários problemas que o meio ambiente enfrenta. Apesar de várias cidades brasileiras já incentivarem a reciclagem e o reaproveitamento de materiais, ainda há grandes gargalos. Sacos de cimento são um exemplo: mesmo sendo feitos de papel com gramatura alta e terem uma resistência muito grande, depois de esvaziados nas obras, eles não têm mais utilidade. O motivo é que o pó de cimento se impregna nas fibras do papel e o custo para limpeza e reciclagem se torna altíssimo.
Há alguns anos, o moveleiro e artista plástico Alexandre Toscano soube do problema com o descarte de sacos de cimento. Seu interesse nos assuntos de sustentabilidade e o gosto pela pesquisa o levaram a iniciar uma série de tentativas de reuso deste material. “Quando soube que este material tão nobre não era reaproveitado, logo passei a imaginar novas aplicações para ele”, comenta Toscano.
Além do uso direto com a técnica de papietagem, o pesquisador experimentou picar os sacos e fazer misturas de diversas formas. Chegou a uma espécie de pasta, com grande resistência e rigidez após secagem, o que permitiu inúmeras aplicações em movelaria. Para esta matéria prima, ele deu o nome de ecomármore.
As primeiras peças feitas com o ecomármore mostraram que existe uma versatilidade muito grande de aplicações. O produto inicialmente mais pesado vem sendo aprimorado desde então e já ganhou uma leveza. As pesquisas continuam e o resultado vem sendo bastante animador. Alexandre Toscano ressalta que, desde sua primeira geração, a produção do ecomármore leva apenas os sacos de cimento vazios e aglutinadores vegetais. São acrescentados na produção de peças alguns detalhes decorativos, como pinhas e sobras de madeira, entre outros. Há alguns meses, as pesquisas incluem o uso de cores, com uma resposta bastante positiva.
Sobre Alexandre Toscano
Artista plástico, cineasta e pesquisador, trocou o Rio de Janeiro por Teresópolis há uma década. É casado e tem três filhos. Depois de passar anos na indústria do cinema e televisão, ele retomou sua origem na movelaria, uma arte que aprendeu jovem, na família. Alexandre vem desenvolvendo um trabalho de criação em movelaria sustentável, com a missão de “desenvolver decoração e mobiliário para o mundo que queremos”.
Espaço Vem da Serra – Oficina e Loja
Rod. Teresópolis-Friburgo, 8000 – km 7,5 (fechada em função da pandemia).
Atendimento por WhatsApp: (21) 98883.5127 ou www.vemdaserra.com.br
Crédito: Divulgação/Vem da Serra
Fonte: Silvia Rossetto