Dunas e Veredas, as criações, que celebram o melhor do design brasileiro, foram lançadas na última terça (26/04), no MON, em Curitiba
O autoral, a nobreza do couro e as curvas das linhas orgânicas em uma parceria inspiradora. Assim são as duas coleções assinadas pelo arquiteto Jayme Bernardo através de sua marca de design autoral, a Dieedro, para a Salva Design de Mobiliário. Ambas as coleções, batizadas Dunas e Veredas, exaltam a bossa e a história do design brasileiro, empregando o couro e o metal com originalidade, e foram oficialmente lançadas ontem, terça-feira, 26 de abril, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba (PR). O evento, exclusivo para a imprensa e lojistas de todo o país, contou com a presença de Jayme Bernardo, que falou sobre suas inspirações e o processo de criação das peças.
Dunas e Veredas são coleções que vêm com um propósito único: encantar através dos detalhes, em uma ótica contemporânea e singular. Para Jayme, arquiteto e urbanista há quase 40 anos, e que vem assinando linhas exclusivas de mobiliário brasileiro através da Dieedro, fazer um paralelo entre o mobiliário e projeto é algo natural. “Não é possível distinguir o processo criativo. O raciocínio acontece da mesma forma, porém o resultado pode ser um móvel ou algo construído, edificado”, avalia. Ele julga que o ponto alto do design nacional é a criatividade, que se tornou um dos maiores patrimônios do brasileiro. “Ela começa com a ginga, passa pelo jogo de cintura e a enorme capacidade de se adaptar às adversidades, desse povo que encontra motivos pra sorrir e se reinventar mesmo em tempos difíceis. Enfim, é isso que dá cor e tempero ao design do Brasil”, coloca.
E todas essas características, juntas, dão o tom das coleções desenhadas para a Salva, que faz uso de uma das matérias-primas mais nobres, duráveis e atemporais: o couro. Trata-se de um material que apresenta desafios na transposição dos desejos de quem projeta para as peças finais. “Foi uma oportunidade gratificante utilizar essa matéria-prima, que me possibilitou ousar com soluções bastante arrojadas e fora do comum, desde as curvas, a modelagem e os detalhes. Fico feliz em ver que a confecção atendeu com rigor o design pretendido, resultando em peças de altíssima qualidade e extremamente sofisticadas”, comemora o arquiteto.
Para Thiago Enzweiler, diretor da Salva, na busca por desenvolver e estender o couro e o design brasileiro, a empresa encontrou, em Jayme Bernardo, uma excelente parceria. “Tanto pelo alcance de seus projetos, não só no Brasil como internacionalmente, mas, principalmente, pelo seu olhar. Na busca por criar projetos realmente únicos e com um senso crítico afiado, conseguimos, juntos, entregar linhas que irão encantar as casas mundo afora”, celebra.
As coleções
A coleção Veredas tem a poesia e singularidade transmitida através de suas curvas sinuosas, que permeiam dos pés aos braços das peças. Faz referência direta ao grande clássico da literatura brasileira “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e proporciona conforto visual através do drapeado visto nos encostos, encantando por seus traços contemporâneos e leves. “Veredas tem uma ligação muito forte com a arquitetura dos anos 1970 e 1980, trazendo muito do desenho característico daqueles anos. Muito da brasilidade percebida na coleção é fruto da curva da arquitetura somada à curva sensual do design”, coloca Jayme. O charme da coleção, segundo ele, está no couro, que faz parte do DNA da Salva. “Precisamos trabalhar muito bem a espuma e o metal junto ao couro, dando atenção extra ao detalhe. O drapeado, extremamente bem executado, veio reforçar o resultado e traz uma sofisticação que valoriza o ‘feito à mão’, cada vez mais raro”, pontua o arquiteto.
Já a coleção Dunas provoca através do seu dinamismo e dimensões. As formações arenosas ondulares desse tipo de forma de relevo serviram como inspiração para criar e esculpir uma coleção que tem a mistura de materiais como característica. Assim, couro, metal e pedras brasileiras se complementam de forma despretensiosa e natural, tornando-se um só elemento. “A Dunas é uma linha que apresenta diferentes possibilidades e esse é seu diferencial. Tivemos a ideia de usar o metal na pintura eletrostática e o couro pespontado, e é essa atenção ao detalhe que traz toda a sofisticação da coleção. É possível “brincar” com formas e alturas, dada a flexibilidade das peças, fazendo com que um aparador se torne uma mesa de centro ou uma mesa lateral, por exemplo. A gama de cores do couro, unida ao movimento das curvas e à repetição das formas, muito presente nos meus trabalhos, é o que melhor caracteriza a Dunas”, finaliza Jayme.