Especialista revela que o reaproveitamento, a despoluição e a captação de água da chuva serão as principais soluções para um futuro sustentável
Dados divulgados pela ONU revelam que, até 2030, aproximadamente 5 bilhões de pessoas viverão nos centros urbanos, o que corresponde a 60% da população mundial. Contudo, em boa parte do Brasil e do mundo, a falta de planejamento para comportar o crescimento acelerado de novos moradores é um assunto delicado, especialmente quando se trata de saneamento básico e distribuição de água potável.
Em função disso, especialistas internacionais difundem o conceito de smart cities, a fim de incentivar a criação de soluções que otimizem as grandes cidades, tornando-as melhores e mais inteligentes.
Mas, para Maria Helena Cursino, engenheira química e cofundadora da PWTech, startup voltada para soluções hídricas, mais do que conectada e tecnológica, uma cidade inteligente deve ter como pilar a preservação do meio ambiente. “Precisamos de soluções que resolvam as demandas sociais mais urgentes e não causem impacto negativo a longo prazo no planeta. Por isso, as novas tecnologias devem se basear, por exemplo, em energia limpa e sustentável”, defende.
Foi com essa premissa que a PWTech nasceu. Atentos aos problemas hídricos do País, eles desenvolveram o PW5660, um equipamento capaz de despoluir quase 6 mil litros de água em 24 horas e que funciona por meio de energia solar — tudo validado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “O purificador foi pensado para ser portátil, de baixo custo e ecológico. Graças às suas características, fomos convidados para apresentá-lo para autoridades de todo País no Simpósio Nacional de Cidades Inteligentes como uma proposta eficiente de saneamento para smart cities“, compartilha a engenheira química que, em março, enviou a tecnologia brasileira para a Ucrânia.
Há três anos acompanhando de perto os problemas hídricos das grandes metrópoles do Brasil, hoje, Maria Helena enxerga soluções onde existem desafios. Ela defende que o reúso, a despoluição e o aproveitamento da chuva são as três formas de captação de água que, se filtradas corretamente, serão tendência nas smart cities. Entenda:
1.Captação da água da chuva: por meio das calhas, a água é captada e conduzida para um reservatório onde as impurezas serão eliminadas por meio de tecnologias de purificação, como o PW5660. “Já existem levantamentos que mostram que essa medida pode representar uma economia de 50% na conta de água”, conta.
2.Despoluição: águas de rios e lagos estão repletas de organismos vivos transmissores de doenças que podem, inclusive, levar à morte. Contudo, se filtrada corretamente, é possível torná-la adequada para o consumo. “Vale lembrar que, antes de tudo, em alguns casos, será essencial combater fontes de poluição em primeiro lugar”, pondera.
3.Reaproveitamento: toda água que já foi utilizada, quando tratada, pode ser reaproveitada para fins diversos. “Dependendo da qualidade, é possível usá-la na irrigação, na agricultura; como matéria-prima, na indústria; bem como no dia a dia da população para limpeza doméstica”, completa Maria Helena Cursino, cofundadora da PWTech.