Skip to main content

Artigo por Marcelo Magalhães, CEO da Ribus, plataforma de integração blockchain voltada ao mercado imobiliário.

Quem já tentou comprar ou vender uma casa sabe como as negociações no mercado imobiliário podem travar boas oportunidades. Tradicionalmente é um processo lento, que depende de uma infinidade de documentos e da busca por recursos financeiros, que normalmente se arrasta por meses e nem sempre com o final desejado pelas partes. Um cenário impensável diante da aceleração digital que vivenciamos atualmente.

Assim, torna-se mais do que necessário abrir espaço no setor para o surgimento de soluções inovadoras que consigam transformar todo o ecossistema. Uma delas, felizmente, começa a ganhar espaço no país: os utility tokens.  

É a tecnologia do momento em diferentes setores, porque traz uma verdadeira inovação tecnológica, permitindo a distribuição de informações e, principalmente, riquezas de forma descentralizada – bem diferente do que estávamos acostumados há pouco tempo. Sua onipresença nos últimos anos criou até uma expressão: a tokenização,  ou seja, o ato de transformar (quase) tudo em ativos digitais. Mas não se trata de algo passageiro, como outras novidades tecnológicas dos últimos tempos. Um levantamento da MarketsandMarkets indica que esse segmento deve saltar de US$ 2,3 bilhões em 2021 para US$ 5,6 bilhões em 2026, com crescimento médio anual de 19%.  

Os números positivos são resultados da maior compreensão e utilização da tecnologia que está por trás dos tokens: o blockchain. Mais do que a base dos criptoativos, é o recurso que está revolucionando os negócios e a sociedade atualmente – da mesma forma que foi a própria internet nos anos 90. Se finalmente vivenciamos a era da Web 3.0, em que a pessoa consome, produz e possui conteúdos digitais no formato de ativos, é porque essa inovação descentralizou a forma como as pessoas e empresas atuam no ambiente digital e até fora dele. Hoje não é preciso ter intermediários, ferramentas robustas ou complexo conhecimento matemático para levar uma transação e/ou informação de um ponto a outro. 

Dessa forma, a inclusão do blockchain  no mercado imobiliário resolve dois pontos cruciais para o setor. O primeiro deles, evidentemente, diz respeito aos custos e à burocracia envolvidos nas negociações de compra e venda de imóveis. Seja um imóvel novo ou usado, a transação passa por diferentes atores desse ecossistema, como construtoras, cartórios, advogados, bancos, entre outros. Evidentemente, o que poderia ser um processo rápido, torna-se bastante lento e custoso, pois a cada ida e vinda há taxas e tributos. Entretanto, todo token é regido por um “contrato inteligente” que pode, entre outras coisas, regulamentar a compra e venda de qualquer bem. É o fim dos validadores externos. 

Essa descentralização leva à segunda solução que os tokens oferecem ao mercado imobiliário: maior democratização no acesso de serviços e bens por parte das pessoas. Havia o temor de que os tokens pudessem ser voláteis à especulação por não estarem centralizados em algo, mas acontece justamente o contrário. Eles envolvem diferentes atores do ecossistema imobiliário na mesma solução. Afinal, não se trata de uma moeda, mas de uma ferramenta de utilidade. Assim, além de garantir a transação, ele pode incluir serviços de engenharia, arquitetura, design de interiores, advocacia, cartórios, entre outros, bem como garantir a presença de construtoras e incorporadoras em sua estrutura digital. 

A inovação não pede passagem e chega a todos os setores atropelando aqueles que não se preparam da forma adequada. Os tokens e o blockchain já são uma realidade em todo o mundo e são usados com frequência cada vez maior pela sociedade. Assim, cabe às empresas inseridas no mercado imobiliário decidirem o que querem do futuro. Ou elas se adaptam às demandas que surgem diariamente e adotam os ativos digitais em suas negociações, ou serão engolidas pelo avanço da digitalização e da tokenização.

Convenhamos, não chega a ser uma decisão tão difícil a ser tomada.